Adeus a Cid Moreira: A Voz Inesquecível da Televisão Brasileira Silencia aos 97 Anos

Escrito por Adriana Barbosa em

 

 

 

 

 

Na manhã desta quinta-feira, o Brasil deu um triste adeus a Cid Moreira, uma das vozes e rostos mais emblemáticos da televisão nacional. O jornalista, locutor e apresentador, que marcou gerações com sua inconfundível presença no “Jornal Nacional”, faleceu aos 97 anos.

Cid estava internado no Hospital Santa Teresa, em Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, lutando contra uma pneumonia nas últimas semanas.

Sua morte encerra uma trajetória brilhante, marcada por mais de sete décadas de atuação impecável nos principais veículos de comunicação do país. Com uma carreira que atravessou décadas, Cid Moreira apresentou o Jornal Nacional aproximadamente 8 mil vezes, segundo dados do Memória Globo, deixando um legado incomparável no jornalismo brasileiro. Sua voz grave e inabalável era um símbolo de credibilidade e confiança para milhões de brasileiros.

Uma Jornada Marcante na Comunicação – Adeus a Cid Moreira

Cid Moreira começou sua carreira no rádio, mas foi na televisão que ele consolidou sua imagem como um dos maiores comunicadores do país. Ao longo de 26 anos, sua parceria com Sérgio Chapelin no Jornal Nacional tornou-se um marco na história do telejornalismo. Seu famoso “boa-noite” ressoava em lares de todo o Brasil, sendo um verdadeiro sinônimo de confiança e seriedade.

Além de seu papel no Jornal Nacional, Cid também emprestou sua voz ao Fantástico e foi narrador de icônicos quadros como o do ilusionista Mr. M, no final da década de 1990.

Com o passar dos anos, ele passou a se dedicar à gravação de textos bíblicos, alcançando milhões de pessoas com sua leitura serena e profunda das Escrituras.

A Iniciação no Rádio: O Surgimento de uma Lenda

A trajetória de Cid Moreira começou no rádio, em 1944, quando um amigo reconheceu o potencial de sua voz e o incentivou a fazer um teste de locução na Rádio Difusora de Taubaté.

Essa sugestão simples deu início a uma jornada extraordinária. No período entre 1944 e 1949, ele emprestou sua voz poderosa a comerciais, tornando-se uma presença marcante nas transmissões radiofônicas.

Sua mudança para São Paulo, onde trabalhou na Rádio Bandeirantes e na Propago Publicidade, consolidou seu caminho, abrindo portas para oportunidades ainda maiores.

A Chegada ao Rio de Janeiro: O Início na Televisão e Grande Estreia no Telejornalismo

Em 1951, Cid Moreira se transferiu para o Rio de Janeiro, onde ingressou na renomada Rádio Mayrink Veiga. Foi nesse ambiente que ele começou a explorar um novo meio de comunicação: a televisão.

Entre 1951 e 1956, Cid apresentou comerciais ao vivo em programas icônicos como “Além da Imaginação” e “Noite de Gala”, transmitidos pela TV Rio. Esta fase foi o começo de sua longa e impactante presença no cenário audiovisual brasileiro.

A entrada definitiva de Cid Moreira no jornalismo televisivo ocorreu em 1963, quando ele se tornou locutor no programa “Jornal de Vanguarda”, da TV Rio. Essa oportunidade foi um marco em sua carreira, que logo o levaria a trabalhar em diversas emissoras, como Tupi, Globo, Excelsior e Continental. Sua presença firme e voz imponente tornaram-se rapidamente sinônimo de seriedade e confiança nas notícias.

Jornal Nacional: A Voz que Definiu Gerações

O ano de 1969 marcou o início de uma nova era no telejornalismo brasileiro, e Cid Moreira foi parte fundamental dessa transformação. Ele foi escalado para a bancada do “Jornal Nacional” (JN), o primeiro telejornal transmitido em rede nacional.

A estreia, em setembro de 1969, foi ao lado de Hilton Gomes, mas foi a parceria de longa data com Sérgio Chapelin que realmente definiu os 26 anos de sucesso ininterrupto do programa sob a apresentação de Cid. Seu famoso “boa-noite” tornou-se um rito diário nas casas de milhões de brasileiros, elevando-o ao status de ícone nacional.

O próprio Cid relembra o nervosismo daquela estreia histórica, quando o país estava prestes a presenciar o nascimento de um dos programas mais importantes da televisão. Apesar do aparente controle durante a transmissão, no dia seguinte, ele percebeu a dimensão do que havia acontecido ao ver a repercussão nas manchetes dos principais jornais.

Um Novo Capítulo: Fantástico, Mr. M e o Início de uma Nova Fase

Além do “Jornal Nacional”, Cid Moreira também marcou presença no “Fantástico”, onde sua narração inconfundível brilhou em quadros como o de Mr. M, o famoso ilusionista revelador de truques de mágica.

A narrativa envolvente e cheia de mistério de Cid trouxe uma aura especial ao quadro, que foi um sucesso absoluto e se consolidou como um dos momentos mais lembrados do programa.

A Voz da Bíblia: Um Legado Espiritual e Uma Vida Dedicada à Comunicação

A partir da década de 1990, Cid Moreira começou a se dedicar a um projeto que unia sua fé à sua habilidade inata de comunicação: a gravação de salmos e passagens bíblicas.

Em 2011, ele realizou o ambicioso projeto de gravar a Bíblia na íntegra, um marco na sua carreira que ressoou profundamente entre milhões de ouvintes, tornando-se um best-seller e um legado espiritual eterno.

A contribuição de Cid Moreira vai além do jornalismo e da televisão. Sua voz está imortalizada na história do Brasil, não apenas como o apresentador do “Jornal Nacional” ou a voz que acompanhou gerações, mas como uma ponte entre o cotidiano e a espiritualidade, entre a notícia e a emoção. Em 2010, sua esposa, Fátima Sampaio Moreira, lançou sua biografia, “Boa Noite – Cid Moreira, a Grande Voz da Comunicação do Brasil”, que detalha as inúmeras histórias e bastidores de uma carreira repleta de momentos memoráveis.

Um Legado Eterno Cid Moreira

A morte de Cid Moreira deixa uma lacuna irreparável na comunicação brasileira. Sua voz, que atravessou gerações, tornou-se parte do imaginário nacional. Para muitos, ele não era apenas um apresentador, mas uma presença constante em momentos cruciais da história do Brasil.

Seu nome ecoará para sempre como o símbolo de uma era do jornalismo marcada pela excelência, dedicação e pelo compromisso com a verdade.

Cid Moreira não apenas noticiou a história, mas também fez parte dela, e seu legado continuará a inspirar futuras gerações de comunicadores. O Brasil perde um ícone, mas sua voz permanecerá eternamente gravada nos corações de todos que o ouviram.

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